Por Luana Filomeno – Head de marketing da DeÔnibus
O setor de transporte rodoviário de passageiros no Brasil experimenta uma revolução silenciosa, impulsionada pela tecnologia. Tradicionalmente dominado por empresas familiares — com 93,3% das operadoras sob gestão familiar —, o setor está se adaptando às demandas de um público cada vez mais conectado e exigente.
A digitalização das vendas de passagens é um exemplo claro dessa transformação. Antes da pandemia, as vendas online representavam apenas 12% do mercado; em 2021, esse número saltou para 20%, segundo dados do setor. Uma recente pesquisa da CNT Perfil Empresarial Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros, divulgada no final de 2024, pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), com o apoio da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) confirma que o setor se modernizou, principalmente no que se refere à venda de passagens. A aquisição de bilhetes tornou-se mais acessível, com 95,6% das empresas oferecendo vendas on-line. A DeÔnibus, uma das plataformas que lidera esse movimento, tem contribuído significativamente para essa mudança de comportamento.
Além da compra digital, a experiência a bordo também evoluiu. Veículos modernos agora oferecem Wi-Fi, ar-condicionado, tomadas USB e sistemas de entretenimento, elevando o conforto dos passageiros. Empresas como a Marcopolo têm investido em tecnologias embarcadas que monitoram em tempo real o desempenho do veículo e do motorista, promovendo mais segurança e eficiência durante as viagens.
A conectividade vai além do veículo. Com o auxílio de sistemas de geolocalização, passageiros podem acompanhar a localização exata do ônibus em tempo real, o que proporciona maior previsibilidade quanto à chegada ao destino e segurança para mulheres, idosos e pessoas que viajam sozinhas, por exemplo, que podem ser monitoradas à distância. A integração de tecnologias como 5G e IoT (Internet das Coisas) está sendo implementada por empresas mais avançadas para melhorar o controle de frota, otimizar rotas e responder rapidamente a imprevistos no percurso.
Essas inovações não apenas melhoram a experiência do passageiro, mas também têm impactos econômicos significativos. Um estudo da McKinsey em parceria com o setor aponta que a adoção de tecnologias no transporte rodoviário pode gerar um acréscimo de até R$ 2 bilhões no PIB do turismo até 2025, além de criar cerca de 110 mil novos empregos, sendo 50 mil diretamente nas plataformas digitais e operadoras conectadas.
Entretanto, esse avanço vem acompanhado de desafios. A proliferação de serviços não regulamentados, muitas vezes viabilizados por tecnologias similares, representa uma ameaça ao modelo formal e seguro promovido pelas empresas licenciadas pela ANTT. É fundamental que políticas públicas acompanhem essa evolução, garantindo igualdade de condições para todos os operadores e protegendo o consumidor.
É importante destacar que o transporte rodoviário de passageiros no Brasil vive um momento de transformação profunda. A tecnologia está reformulando não apenas o modo como se viaja, mas também como se planeja e se consome o serviço. Cabe a nós, enquanto players desse setor, garantir que a inovação caminhe lado a lado com responsabilidade, segurança e foco no passageiro.